sexta-feira, 22 de maio de 2009

Por que ler textos literários?

Professora Ms. Lovani Volmer

Antônio Candido (1995), quando se manifesta acerca dos Direitos Humanos e a Literatura, considera que são direitos do ser humano não apenas aqueles bens que asseguram sobrevivência física em níveis decentes, tais como moradia, alimentação, vestuário, instrução, saúde, entre outros, mas também os que garantem a integridade espiritual, como o direito à crença, à opinião, à arte e à literatura. Sendo a literatura a manifestação cultural de todos os homens em todos os tempos, não há povo e não há homens que possam viver sem ela, poisa literatura é o sonho acordado das civilizações. [...], ela é fator indispensável de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade, inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no inconsciente. [...] Cada sociedade cria as suas manifestações ficcionais, poéticas e dramáticas de acordo com os seus impulsos, as suas crenças, os seus sentimentos, as suas normas [...]. Ela não corrompe nem edifica, portanto; mas, trazendo livremente em si o que chamamos o bem e o que chamamos o mal, humaniza em sentido profundo, porque faz viver. (CANDIDO, 1995, p. 243-4).A produção literária, consoante Candido (1995), “tira as palavras do nada e as dispõe como todo articulado. [...] A organização da palavra comunica-se ao nosso espírito e o leva, primeiro, a se organizar; em seguida, a organizar o mundo” (p. 246).Para Fischer (1981), a arte “capacita o ‘Eu’ a identificar-se com a vida de outros, capacita-o a incorporar a si aquilo que ele não é, mas tem possibilidade de ser” (p. 19). Cosson (2006) destaca, nesse sentido, que a experiência literária não só nos permite saber da vida pela experiência do outro, mas também vivenciar essa experiência. “Ou seja, a ficção feita palavra na narrativa [...] permite que se diga o que não sabemos expressar e nos fala de maneira mais precisa o que queremos dizer ao mundo, assim como nos dizer a nós mesmos” (COSSON, 2006, p. 17).A leitura, então, devido à coerência mental que pressupõe e que sugere, apresenta a capacidade de humanizar , diferenciando o indivíduo entre os demais, facilitando a ele o reconhecimento do mundo e dos outros e auxiliando no seu próprio reconhecimento diante do mundo, ao antecipar experiências e expectativas. Para Mello (2002),ler é antes de mais nada compreender, e compreender é ser. A linguagem revela a experiência da vida, registra os sentidos simbólicos de que está impregnado o real. Diante de um texto, o leitor não apenas decodifica signos: ao compreendê-lo, transforma-o e transforma-se também. Por esse motivo, a leitura é uma atividade fundamental à formação do indivíduo (MELLO, 2002, p. 170).Cosson (2006) destaca também que compreender um texto não significa aceitá-lo, mas para que a atividade de leitura seja significativa é preciso estar aberto para a multiplicidade do mundo e para a capacidade da palavra de dizê-lo, ou seja, abrir-se ao outro para compreendê-lo. Assim sendo, “o bom leitor [...] é aquele que agencia com os textos os sentidos do mundo, compreendendo que a leitura é um concerto de muitas vozes e nunca um monólogo. Por isso, o ato físico de ler pode até ser solitário, mas nunca deixa de ser solidário” (COSSON, 2006, p. 27).Giasson (2000), por sua vez, compara a leitura a uma orquestra sinfônica, ou seja, não basta cada músico conhecer a sua partitura, é preciso, além disso, que todas as partituras sejam tocadas de forma harmoniosa pelo conjunto dos músicos. A autora destaca, ainda, que assim como há diferentes maneiras de se interpretar

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